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GUARDA EM IMAGENS

ODE À CIDADE E À FOTOGRAFIA

É no poema A quem na cidade esteve tão longo tempo, de John Keats (1816), que podemos encontrar uma síntese do caminho visual calcorreado por quatro mulheres e onze homens que abraçaram a criação fotográfica numa redescoberta do seu olhar e da cidade da Guarda. A cidade, a imagem e a cultura dos seus, dos visitantes, dos viajantes gratos pelo abraço, aflitos pela voragem dos dias, inquietos pelo silêncio.

 

A viagem que se prepara para conhecer recria, em grande medida, um agradecimento à “face serena e aberta do céu”, de novo as palavras de Keats, que ergue “uma prece ao firmamento azul que para nós sorri”. Este manto que abraça a Guarda e encanta quem a observa guiou o olhar destes/as criadores/as que se revelaram do tamanho dela. As fotografias aqui expostas representam a cidade, as suas gentes, os seus encantos, os seus recantos, num composto construído pela perspetiva captada em quinze instantes que têm tanto de visuais como de sonoros.

 

Era Henri Cartier-Bresson que falava da inevitabilidade do desaparecimento do instante fotografado. De facto, as imagens dos momentos aqui reproduzidos dificilmente se irão repetir, contudo, nelas se eternizam pessoas e espaços que, num curto lapso de tempo, dezena e meia de criadores/as fotográficos/as fixaram sine dia. Nelas se registam as emoções, os valores culturais e a imaginação dos/as jovens estudantes que se enamoraram fotograficamente pela Guarda ao longo de três meses.

 

Ao contemplar Guarda em Imagens, senti que os/as criadores/as perceberam a dimensão da frase de Dorothea Lange: “A câmara é um instrumento que ensina a ver sem câmara”. Esta educação do olhar rotineiro para um olhar artístico, perene, demorado, revelou-se, alegremente, a maior conquista desta experiência que agora se torna pública.

 

Esqueça as horas, permita-se observar pausadamente as quinze obras de quinze estudantes cheios/as de sonhos, de talentos, de esperanças, de emoções. Viaje pela história da Guarda, aprecie a luz da cidade mais alta, emocione-se com a representação das gerações que nela habitam, encante-se com os detalhes das rotinas da polis e permita-se pintar o futuro que aqui é apresentado numa junção perfeita do preto e branco.

 

Sónia de Sá

© 2017/2018 por RSI.

Guarda em Imagens

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